segunda-feira, 31 de agosto de 2009

F5.

Os olhos nervosos. A boca seca. As sobrancelhas impacientes. Mesmo imóvel na cadeira reclinável, ele nunca estivera tão agitado. Girava de um lado para o outro. Tomava latas e latas de Coca-cola, uma atrás da outra. E, com os dedos, brincava com seu umbigo quase encoberto pela barriga desproporcional ao resto do corpo (com a exceção do queixo duplo). De fato, era um homem nojento. De fato, seria virgem até sua morte, por infarto, aos quarenta e dois anos. Pegou seu boneco do R2-D2, intacto, ainda dentro da caixa. "O que acontece? Por que nada acontece? O que eu faço da vida agora?", cochichava ele. O robô não dizia nada. Nem o robô gostava dele. Pelo menos não na vida real. "RESPONDE ALGUMA COISA! EU PAGUEI CARO POR VOCÊ! EU VENDI MEU RIM POR VOCÊ!", do cochicho foi para os berros, numa fração de segundos. O simpático robozinho permanecia quieto. O silêncio não era culpa dele, mas sim da mente doentia do gordão. A caixa foi completamente rasgada, num ato irracional. "NÃÃÃÃÃÃÃO! O QUE FOI QUE EU FIZ?!", vociferou o rolha de poço, com os braços curtos estendidos para o céu. Aquilo não se fazia. Todo seu prestígio na comunidade de colecionadores estava espalhado pelo quarto, lado a lado com as ratazanas. Definitivamente, sua vida não fazia mais sentido. Tentou o F5 mais uma vez antes de se atirar pela janela. Na tela do computador, um animal muito parecido com ele era carregado por uns passarinhos cor-de-laranja. Twitter is over capacity.

1 comentários:

Gordinha disse...

Seu eu fosse ele tentava dar um ctrl+N, nessa vida!
Gostei do texto de nerd! hehehehe!
=D