terça-feira, 25 de agosto de 2009

Coisa de criança.

"Acorda! Corre! Me ajuda! Fogo!", ouviu sua mãe gritar lá do quarto, a duas paredes de distância. Levantou de súbito, apavorado. Na cabecinha, a falta de opções diante da situação. No coraçãozinho, o nervosismo incontrolável diante do calor violento que amolecia o papel de parede. Pegou seu ursinho e desceu escada abaixo. Deixou pra trás os gritos abafados da mãe, ainda lacrada onde outrora repousava tranquilamente. Mas, tinha que ser assim. O fogo não pergunta se você tá bem, nem se pode chegar pra bater um papo. Ele simplesmente vem. Desesperado, correu até o quintal e pegou a maior mangueira que viu. Ela ultrapassava seu tamanho facilmente e, com um pouco de esforço, também o peso. Mas, mesmo assim, o pequeno gigante carregou-a com suavidade, escada acima. Agora, sim. Era a hora da verdade. Ele e o fogo, o fogo e ele. De repente, sentia-se um hominho. Mirou firme, bem no foco do fogaréu. Após uns segundinhos, só sobrou ele, vencedor. Peito estufado, respiração ofegante. "Filho?! Filho?! Você tá aí? Acorda!", disse sua mãe, ainda nervosa. Finalmente, o pesadelo havia acabado. Levantou de súbito. Sua mãe batia na porta. Olhou para baixo, decepcionado. Ah, não. De novo, não!

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