segunda-feira, 14 de setembro de 2009

O vício.

Tremia de frio e suava em bicas. As mãos finas simulavam os toques de uma máquina de escrever, sem uma máquina de escrever. Os pés achatados encontravam-se do lado de fora da cama, movendo-se de cima para baixo. A boca chacoalhava, balbuciando algumas palavras extraídas de algum livro de Hemingway. Era a abstinência. A maldita abstinência. O telefone tocava, mas quem recebia a mensagem era a secretária eletrônica. Um editor engravatado de uma editora pomposa oferecendo uma quantia reservada a um por cento da população mundial. Os ouvidos bloquearam. Não queriam saber de nada. Pegou o cobertor e puxou-o, cobrindo a cabeça. E num canto do quarto, uma folha de papel subitamente em branco. A maldita abstinência.

4 comentários:

Gordinha disse...

O escritor e seus black outs! Eu que não sou escritora me dou ao direito de ter!
Abraços!
=D

Victor Carvalho disse...

Quisera eu ser escritor para ter blackouts tão dignos. Quisera eu.
Valeu pela visita! :)

Luiz Carioca disse...

isso me lembra qdo tive crises de labirintite, não podia ler sequer uma página que o mundo rodava, escrever então... gosto de chamar a labirintite de esquisofrenia dos movimentos, um dia escrevo sobre isso.
o blog tá muito bom, abs.

Unknown disse...

A abstinência, a maldita abstinência! Essas crises eu tenho, mais suavez e menos dramatizadas, claro!
Massa!!!