terça-feira, 15 de setembro de 2009

Conto verídico.

Ele acordou e dirigiu-se à mesa. Cansados de esperar, todos já almoçavam. O constrangimento era palpável, facilmente pescado no ar. Ela não o recebeu com beijinhos ou palavras amorosas. Pelo contrário. Ela nem olhou no seu rosto. Seu pálido rosto. O gesto demonstou rancor, uma tentativa de desprezo e, até mesmo, um certo nojo. Nojo, não. Nojinho. O amor de um pelo outro era tão imenso que o nojo era um sentimento impossível. Seu prato, obviamente, estava vazio. Essa era uma boa desculpa para quebrar o gelo. Com toda a delicadeza que poderia expressar, pediu à ela que passasse o arroz. Como não houve resposta, decidiu pedir pelo feijão. De fato, o feijão é mais indicado para uma boa conversa. O silêncio permaneceu. Ele apelou para as batatas fritas. Qual é?! Quem é que não gosta de batatinhas?, pensava, enquanto o outro lado da mesa permanecia mudo. Desesperado, tentou a farofa, o bife, o suco e, pasmem, a salada. Doía ver que seus esforços tão simpáticos eram em vão. Largou os talheres de qualquer jeito e, indignado, levantou a voz. Eu prometo que não chego mais bêbado em casa! Agora me diz, pra que tudo isso? Como já era de se esperar, a falta de respostas foi a única resposta digna. Sem dúvidas, aquele almoço iria se estender por um bom tempo. E aos que ocupavam os outros dois lugares na mesa, restava a pergunta: Se em briga de marido e mulher ninguém mete a colher, o que fazer se a briga for entre mãe e filho?

3 comentários:

Guilherme Maia disse...

Jegue

Victor Carvalho disse...

Bem, se esse conto causou essa reação, é porque ele funcionou, seu bosta.

Gordinha disse...

Nada melhor do que um gelo pra resolver as coisas! Mulher é especialista nisso!
Abraços!
=D