terça-feira, 3 de novembro de 2009

Machos e suas machisses.

Encostado na parede pixada do bar, ele cruzava os braços e esticava as pernas, na tentativa de valorizar a pouca bagagem que carregava. Um charuto vagabundo pendia no lado direito dos seus lábios e um copo de bebida era esquentado pelas suas mãos. Estava lá há mais ou menos duas horas, praticamente imóvel, só trocando a perna de apoio, vez ou outra. A única parte de seu corpo que desobedecia à tendência eram seus olhos, inquietos e irritantes. Rabos incríveis, peitos extraordinários e pernas deliciosas eram sugados ate à última gota por aqueles olhos secos. Arrotou, peidou e coçou o saco. Tudo de uma vez só. Uma loiraça de um metro e oitenta e vestido preto colado virou a esquina, do alto de um salto alto tipo agulha. Parou tudo o que estava fazendo e começou a pensar no que falaria para a gostosa. Aquela era do tipo que merecia uma punheta e, inclusive, umas palavras.
- E aí, posso entrar?
A loira parou, fitou-o de cima abaixo, e respondeu.
- Entrar? Tá maluco? Entrar aonde?
O cafajeste riu, era a pergunta que ele queria.
- Em você, sua gostosa. Quero entrar todo em você.
- Entrar em mim? Como assim? Tipo quando você chega em casa e abre a porta? Ai, não tô entendendo. - o tipo fazia jus aos cabelos.
- Ó, vou ver se você entende. Esse sou eu - disse , esticando o indicador esquerdo - e essa é você - completou, unindo o indicador direito ao polegar direito -. Sacou?
- Mas por que eu sou a bolinha? Você tá me chamando de gorda? - perguntou, preocupada, auto-analisando suas curvas deliciosas.
- Não, caralho! Essa é a sua boceta.
- Boceta? A minha? Mas ela não é assim.
- Tanto faz. Eu tô pôco me fodendo para como é a sua boceta. Eu só quero meter nela.
- Meter nela? Você? Mas por que você não disse antes?
O machão não respondeu.
- Olha, isso eu não sei se posso prometer. Mas por que você não me paga uma bebida e a gente vê no que dá, gostosão?
- Ver no que dá? A única coisa que vai dar alguma coisa hoje é você, sua puta.
A loiraça riu, recebeu um tapa na lomba e foi acompanhando o homem bar adentro.

Aquele era o seu dia de sorte. Nunca uma mulher veio assim, tão gostosa e tão fácil. Cruzou o bar inteiro propositalmente, exibindo seu troféu amarelo. Puxou uma cadeira, ela também. Mandou descer duas garrafas da melhor cerveja da casa, o que não significava muita coisa. Fez seu melhor e mais conquistador olhar. Ouviu o telefone tocar. Era sua mulher.
- A-A-Alô, Amorzinho? É você? O-Oi, minha Vida!
Uma voz feminina e furiosa escapava do celular.
- Eu sei! Eu sei que tá tarde. É tudo culpa minha. Pelo amor de deus, me perdoa, minha Deusa! Não, meu Chêro! Não diz isso! Eu tô indo agora. Eu juro. Juro por tudo o que é mais sagrado. E só pra compensar meu atraso, hoje tem... Adivinha... Massagens nos seus pezinhos lindos!

Nesse momento, o homem lançou uma imitação de bebê que só foi melhor que sua tentativa de portar-se como um macho de verdade. Deixou dinheiro o suficiente para mais umas três doses em cima da mesa, desculpou-se, beijou a loira no rosto e saiu disparado, deixando suas bolas na parede pixada do bar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Se eu não tivesse visto o "Ando Lendo" ali do lado, diria que esse texto é muito Bukowski. Hahah.

Gostei.

;*

@febrandao disse...

Nossa! Adorei se blog, sa forma de escrever e descrer os fatos no texto. É incrível como dá vontade de não parar de ler! Parabéns.

Esse texto, me divertiu bastante. Achei engraçado como o tal 'machão' falou 'fininho' ao ouvi a voz da esposa. Ele deve ser casado com uma nordestina, aposto! kkkk

Beijão.
Voltei mais, sem dúvida.

ps: cheguei a pensar que a LOIRA fosse um traveco, mas achei mais divertido final que você escreveu.

Camila disse...

Aim, não gostei.
A fama das loiras não é a melhor, e ainda tu inventa uma que só dá fora!
Sacanagem... *rs*

Machão assim está cheio por aí.


BeijO